O crime organizado, à medida que prospera, impõe, nas relações de violência com a sociedade, a lógica fria da pirataria, do corso e da guerra de conquista. O roubo de museus, o assalto a quartéis do exército no Rio e em São Paulo, o assassinato de policiais, juízes e promotores, devem ser encarados sob a ótica da escalada do capitalismo do século XIX, naquilo que Marx retratava em seu Manifesto, de 1848: "Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de idéias secularmente veneradas; (...) Tudo que era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado, ( ...)".
O estado brasileiro não parece ter condições de defender seus cidadãos de ataques ousados das organizações criminosas, de militantes de movimentos de sem-terra e de políticos corruptos. Dançam todos abusadamente à nossa frente, sem medo das câmeras, na certeza de que não serão atingidos institucionalmente. Até os países vizinhos parecem ter percebido nossa incapacidade de reagir a agressões. Nem mesmo com o clamor da população se consegue levar à prisão homicidas confessos. Os policiais de todo o Brasil parecem saber disso, respondendo por sua conta e risco aos criminosos. Compreender não é aceitar. Nem julgar. A população de nossas metrópoles passará a enfrentar a realidade que já assombra os moradores das favelas do Rio de Janeiro: viver entre dois medos, o da polícia e o dos bandidos. Conviver com execuções e balas perdidas.
Se não forem reforçados os instrumentos de defesa da ordem, o perigo que poderemos enfrentar é o do surgimento de um grupo, determinado a restaurar o que acredite ser a unidade perdida, a paz social que entenda necessária ao país, e que considere que esses objetivos estejam sendo obstados pelas instituições democráticas. A impressão de falência defensiva do Estado brasileiro nos remete à dúvida de Abraham Lincoln, durante a Guerra Civil Americana: ”De há muito tempo, tem sido uma grave questão saber se qualquer governo que não seja demasiadamente forte para as liberdades de seu povo poderá ser bastante forte para manter essas liberdades em uma emergência.”
Mesmo em tempos turbulentos, não há desculpa para alguém ser obtuso a ponto de culpar o regime democrático pelas mazelas de nossos políticos. Há no ar um perigo de retrocesso das liberdades, baseado na ineficiência dos governantes em combater com razoável sucesso o crime, a violência e a corrupção. Aqueles que não quiserem mais se interessar pela política, devidamente enojados com o que se passa no país, serão aliados involuntários dos que consideram a política um obstáculo embaraçoso para suas ambições de consertar e aparelhar o país de acordo com suas convicções ideológicas.
Voltando a Marx – que do alto de sua sabedoria e moral vitoriana, concluiria que o problema está na falta de vergonha na cara da classe dominante brasileira - a resposta deve ser dada no que o capitalismo atualmente tem de mais dinâmico: a apropriação e adaptação de experiências e técnicas inovadoras – internacionais – de combate ao crime, acessíveis através dos serviços de informação e de inteligência. O Disque-Denúncia nos chegou por esta via, a globalização está aí para isso. A Itália, a Inglaterra, a Espanha, ou mesmo estados americanos como o da Califórnia e o de Nova York podem apresentar experiências exitosas de enfrentamento da violência e do crime organizado em regimes democráticos.
O estado brasileiro não parece ter condições de defender seus cidadãos de ataques ousados das organizações criminosas, de militantes de movimentos de sem-terra e de políticos corruptos. Dançam todos abusadamente à nossa frente, sem medo das câmeras, na certeza de que não serão atingidos institucionalmente. Até os países vizinhos parecem ter percebido nossa incapacidade de reagir a agressões. Nem mesmo com o clamor da população se consegue levar à prisão homicidas confessos. Os policiais de todo o Brasil parecem saber disso, respondendo por sua conta e risco aos criminosos. Compreender não é aceitar. Nem julgar. A população de nossas metrópoles passará a enfrentar a realidade que já assombra os moradores das favelas do Rio de Janeiro: viver entre dois medos, o da polícia e o dos bandidos. Conviver com execuções e balas perdidas.
Se não forem reforçados os instrumentos de defesa da ordem, o perigo que poderemos enfrentar é o do surgimento de um grupo, determinado a restaurar o que acredite ser a unidade perdida, a paz social que entenda necessária ao país, e que considere que esses objetivos estejam sendo obstados pelas instituições democráticas. A impressão de falência defensiva do Estado brasileiro nos remete à dúvida de Abraham Lincoln, durante a Guerra Civil Americana: ”De há muito tempo, tem sido uma grave questão saber se qualquer governo que não seja demasiadamente forte para as liberdades de seu povo poderá ser bastante forte para manter essas liberdades em uma emergência.”
Mesmo em tempos turbulentos, não há desculpa para alguém ser obtuso a ponto de culpar o regime democrático pelas mazelas de nossos políticos. Há no ar um perigo de retrocesso das liberdades, baseado na ineficiência dos governantes em combater com razoável sucesso o crime, a violência e a corrupção. Aqueles que não quiserem mais se interessar pela política, devidamente enojados com o que se passa no país, serão aliados involuntários dos que consideram a política um obstáculo embaraçoso para suas ambições de consertar e aparelhar o país de acordo com suas convicções ideológicas.
Voltando a Marx – que do alto de sua sabedoria e moral vitoriana, concluiria que o problema está na falta de vergonha na cara da classe dominante brasileira - a resposta deve ser dada no que o capitalismo atualmente tem de mais dinâmico: a apropriação e adaptação de experiências e técnicas inovadoras – internacionais – de combate ao crime, acessíveis através dos serviços de informação e de inteligência. O Disque-Denúncia nos chegou por esta via, a globalização está aí para isso. A Itália, a Inglaterra, a Espanha, ou mesmo estados americanos como o da Califórnia e o de Nova York podem apresentar experiências exitosas de enfrentamento da violência e do crime organizado em regimes democráticos.