sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dossiês do Disque Denúncia de Campinas ajudam a polícia a elucidar crimes

Do site da Secretaria de Segurança de São Paulo:
http://www.ssp.sp.gov.br/home/noticia.aspx?cod_noticia=16136

Iniciativa pioneira na polícia paulista, os dossiês elaborados na sede do Disque Denúncia de Campinas têm ajudado os investigadores a desvendar crimes que poderiam permanecer impunes por falta não só de provas, mas até mesmo de indícios que levem a pistas mais consistentes para descobrir a autoria. Desde 2002 até abril de 2009, o Disque Denúncia recebeu 126.278 ligações, que geraram 72.901 orientações ao público e 53.377 denúncias. Do total de denúncias – a maioria sobre tráfico de drogas, a polícia solucionou 5.350 casos, já que várias denúncias se referiam ao mesmo caso ou eram infundadas ou inconsistentes.

Em geral, a investigação clássica de polícia judiciária numa delegacia ou distrito policial começa quando uma dupla de investigadores, os tradicionais "parceiros", recebe da "chefia" a cópia do boletim de ocorrência de um crime de autoria desconhecida. Eles pegam uma viatura e saem, em diligências, tendo apenas as informações contidas no boletim para iniciar a investigação. O histórico dos boletins de ocorrência – um resumo do fato –, quase sempre não fornece pistas que levem ao paradeiro dos criminosos. E os "parceiros", que contam com poucos recursos, devem driblar as dificuldades e resolver o quebra-cabeça.

Mas em Campinas, desde 2002, os policiais civis de distritos e unidades especializadas contam com um valioso aliado: os dossiês redigidos no Disque Denúncia por uma equipe composta por duas escrivãs e duas investigadoras,que são coordenadas pelo delegado Marcelo Favero, além de funcionários da Organização Não Governamental (ONG) "Movimento Vida Melhor". Esses documentos sigilosos recebem uma capa e ficam ‘trancafiados’ na sala que o delegado tem no Disque Denúncia. Não estão disponíveis nem na intranet da Polícia Civil. Se alguma autoridade requisitá-los, vai receber uma cópia em mãos.

Equipe afinada
A equipe de policiais civis foi "escolhida a dedo e está comigo desde o início, quando surgiu o Disque Denúncia de Campinas, em 2002", comenta Favero, que também é delegado titular do 1º Distrito Policial de Campinas, e já atuou em vários outros distritos da cidade e na Delegacia de Investigações Gerais (DIG). O Disque Denúncia conta, ainda, com mais seis policiais militares e dez funcionários da ONG Movimento Vida Melhor, que têm seus próprios coordenadores.
Os dossiês são um relatório completo e detalhado da ocorrência de crimes que se repetem numa mesma área, envolvendo os mesmo autores e seu "modus operandi" ou a forma como os criminosos agem. Reúnem um pouco do relatório policial com informações técnicas e precisas.

Um dossiê ou relatório começa a ser gerado, quase sempre, quando chegam quatro ou mais denúncias com as mesmas características. Todas a denúncias ficam armazenadas num banco de dados com programa específico. As policiais civis e funcionários da ong tiram desse banco de dados as informações para redigir o dossiê. Mas é o delegado Favero que dá a orientação geral.
O documento contém nome e/ou apelido do suspeito, natureza do fato (furto, roubo, tráfico, moeda falsa, pedofilia, etc.), horários, organogramas, se está em andamento e as providências tomadas. Em média, cada dossiê tem 20 páginas, mas pode chegar de oito a 150. A capa do dossiê recebe uma cor que identifica a natureza do crime, um número seqüencial, título e circunscrição policial (distrito e batalhão da PM). O armário do delegado Favero no Disque Denúncia já acumula mais de 400 dossiês.

Hierarquia do crime no organograma
No conteúdo, o que é considerado o "mais importante" pelo coordenador é o organograma, pois, no caso de tráfico e crime organizado, mostra a "hierarquia" dos criminosos. Mas eles trazem também mapas da área dos fatos, histórico detalhado do ocorrido, veículos e tipos de armas que estariam sendo usados pelos suspeitos. Crimes de natureza grave, como pedofilia, tráfico, moeda falsa, roubo e outros estão todos registrados em dossiês. Esses documentos confidenciais estão disponíveis também para consultas da Polícia Militar para dar mais eficiência ao policiamento preventivo.

Apesar de ser uma ferramenta valiosa na luta contra o crime, os dossiês ainda são poucos consultados pelos distritos policiais de Campinas. Mesmo assim, são enviados para as unidades policiais. "Quem mais solicita é o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)", fala Marcelo Fávero, seguido pela Delegacia Especializada Anti-Sequestro (Deas), Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), e Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Por orientação do delegado Fávero, os dossiês ajudam muito nas investigações do 1º DP, que fica no Jardim Ipaussurama e atende uma população de 240 mil pessoas.

Premiação
O Disque Denúncia de Campinas atende 24 horas pelo telefone (0xx19) 3236-3040 e foi criado em 2002 por iniciativa da Associação Comercial e Industrial de Campinas. Desde 2002 até abril de 2009, o Disque Denúncia recebeu 126.278 ligações, que geraram 72.901 orientações ao público e 53.377 denúncias – muitas delas sobre o mesmo crime ou infundadas. Do total de denúncias – a maioria sobre tráfico de drogas, a polícia solucionou 5.350 casos.

A idéia inovadora de fazer os dossiês a partir das denúncias anônimas e encaminhá-los às unidades policiais para facilitar as investigações rendeu uma premiação para a Delegacia Seccional de Polícia de Campinas, que foi inscrita no IV Prêmio Polícia Cidadã com o projeto "Elaboração de dossiês - base para investigações policiais". O projeto foi um dos nove vencedores na categoria "Ações Vencedoras", com cerimônia de entrega realizada no último dia 5 de abril, na Sala São Paulo, na região central da Capital.

Gabriel Rosado

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